I. DEFININDO A DOUTRINA
ANGELOLOGIA é a palavra grega que designa a Doutrina Concernente aos Anjos. A Angelologia não se constitui no enfoque primário das Escrituras. Os contextos angelicais sempre têm Deus, ou Cristo, como seu ponto central (Is 6.1-3; Ap 4.7-11). A maioria dos aparecimentos de anjos é fugaz, sem ser provocada nem predita. Tais manifestações confirmam verdades, mas nunca as produzem por si mesmas. Quando os anjos são mencionados, é sempre para informar-nos mais a respeito de Deus, o que Ele faz, como o faz, e o que Ele requer.
O termo ANJO, literalmente, sugere a idéia de ofício e não a idéia da natureza do ser. Em Lucas 7.24 lemos: “Tendo-se retirado os mensageiros”, no original, “anjos”. É crença geral que, quando a Bíblia foi escrita, era tão comum que algum ser espiritual superior fosse divinamente enviado como mensageiro aos homens, que esse ser, com o decorrer do tempo, passou a ser chamado “anjo”, ou seja, “mensageiro”. É fácil, igualmente, perceber que a ordem de seres a que o mensageiro pertencia, veio também a ser chamada de “anjos”. O termo “anjo”, na Bíblia, tanto é usado para designar um espírito que leva uma mensagem, como também para descrever espíritos semelhantes, ainda que não fossem encarregados de transmitir mensagens. Assim, os exércitos celestes são chamados de “anjos”.
II. A EXISTÊNCIA DOS ANJOS
A existência de “anjos” é crença quase universal. As mitologias de todas as nações falam deles. Do Gênesis ao Apocalipse os anjos de Deus são mencionados com destaque; cento e oito vezes no Antigo Testamento e cento e setenta e cinco vezes no Novo Testamento. São vistos por toda a história sagrada. Suas atividades no céu e sobre a terra, no passado, são registradas em ambos os Testamentos, como também suas futuras manifestações são profeticamente reveladas.
=> No Antigo Testamento – Sl 104.4; Dn 8.15-17; Sl 68.17.
=> No Novo Testamento – Mc 13.32; Mt 13.41; 18.10; 26.53; Mc 8.38; Lc 22.43; Ef. 1.21.
III. CARACTERÍSTICAS DOS ANJOS
a) São seres criados - Sl 148.2,5; Ne 9.6; Cl 1.16;
b) São seres espirituais - Hb 1.13,14; Ef 6.12;
c) São seres pessoais - 2 Sm 14.20; 2 Tm 2.26; Ap 22.8,9; 12.12;
d) São seres que não se casam - Mt 22.30;
e) São seres imortais - Lc 20.35,36;
f) São seres velozes - Mt 26.53; Dn 9.21;
g) São seres poderosos - Sl 103.20; 2 Pe 2.11; Is 37.36; Mt 28.2; Ap 20.1-3; 2 Ts 1.7;
h) São seres inteligentíssimos - 2 Sm 14.17,20; Mt 24.36;
i) São seres gloriosos - Lc 9.26;
j) São seres numerosos - Dt 33.2; Dn 7.10; Lc 2.13; Ap 5.11; Hb 12.22.
IV. A NATUREZA MORAL DOS ANJOS
Originalmente, os anjos eram santos em sua natureza; alguns se tornaram santos em seu caráter, através da obediência, ao passo que outros se tornaram pecaminosos em seu caráter, através da desobediência.
01) Os Anjos foram criados santos, provado da seguinte maneira:
a) Pelo caráter de Deus - Gn 18.25;
b) Pelo caráter da obra criadora de Deus - Gn 1.31; Hb 1.13;
c) Pelo registro do pecado dos anjos - Jd 6; 2 Pe 2.4.
02) Muitos se Mantiveram Obedientes - Mt 25.31; Sl 99.7; Mt 6.10; Mc 8.38.
03) Muitos Desobedeceram - 2 Pe 2.4; Mt 6.12; 13.19; 1 Jo 5.18; Jd 6; Ap 12.7,9.
V. ORGANIZAÇÃO DOS ANJOS
De acordo com Colossenses 1.16 e Efésios 1.21, existe uma hierarquia entre os anjos. A autoridade que lhes é conferida corresponde as diferentes funções que exercem. Tal hierarquia, invés de comprometer, fortalece a união e intensifica a harmonia existente entre eles.
01) OS VINTE E QUATRO ANCIÃOS (Ap 4.4-10; 5.5-14; 7.11-13; 11.6; 14.3; 19.4), é o grupo de mais elevada função celestial. Estão encarregados de representarem a Igreja de Deus de todos os tempos. Doze anciãos representam a Igreja do Antigo Testamento (as doze tribos de Israel); os outros doze representam a Igreja do Novo Testamento.
02) OS QUERUBINS (Ex 25.19; 26.31; Ez 10.20; Sl 99.1; Is 37.16; Hb 9.5), vindicam a glória e santidade de Deus e são guardiães dos interesses elevados de Deus. Tudo indica que correspondem as “tronos” referidos por Paulo em Cl 1.16.
03) SERAFINS (Is 6.1-6), vindicam a santidade de Deus, vivem para adorá-lo e servi-lo.
04) ARCANJOS, são anjos-chefes, que exercem autoridade sobre outros anjos. Os anjos são chamados, na Bíblia, de “exército de Deus” (Sl 148.8); já outros anjos são chamados de “príncipe do exército do Senhor” (Js 5.14; Is 55.4,13). Os arcanjos correspondem aos “principados” referidos por Paulo em Cl 1.16). Dois desses arcanjos se destacaram na Bíblia. Um foi Miguel, cujo nome significa “semelhante a Deus” (Jd 9; Dn 10.13-21). Outro foi Gabriel (Dn 8.16; 9.21-27; Lc 1.11-13,19; 1.16-35), uma espécie de “Ministro das Comunicações” de Deus. Apocalipse registra outros arcanjos mas não lhes dá nomes (9.1; 14.8; 16.5; 18.1), igualmente poderosos e investidos de grande autoridade.
05) ANJOS COMUNS, estes formam o “exército celestial” (Sl 148.8), que está sempre à direita e à esquerda de Deus (2 Cr 18.18). São inumeráveis (Jó 25.3), Jesus falou que poderia pedir ao Pai doze legiões de anjos (72.000), Mt 26.53. Deus enviou tantos anjos para ajudar Eliseu que todo o monte estava cheio de cavalos e de carros (2 Rs 6.17).
VI. AS ATIVIDADES DOS ANJOS
Os anjos são servos ou mensageiros de Deus. Cumprem sua vontade de muitas formas. São também servos de Deus na face da terra.
01. Os Anjos Bons
a) Ocupam-se da adoração direta a Deus – Sl 89.7; 99.1,2; Is 6.2,3; Mt 18.10;
b) Regozijam-se na obra de Deus – Jó 38.4,7; Lc 15.10;
c) Executam a vontade de Deus – Sl 103.20;
d) Orientam os negócios das nações – Dn 10.10-14,20,21;
e) Guiam e guardam os crentes – Sl 91.11; At 8.26,29; 10.13; Hb 1.14; Dn 6.22;
f) Ministram ao povo de Deus – Hb 1.14; 1 Rs 19.5-8; Mt 4.11; Lc 22.43;
g) Defendem e livram os servos de Deus – 2 Rs 6.17; Gn 19.11; Dn 6.22; At 5.19,20;
h) Guardam os eleitos falecidos – Lc 16.22; Mt 28.2-5; Lc 24.22-24; Jo 20.11,12;
i) Acompanharão Cristo em sua volta – Mt 25.31; Mt 13.49; 25.31,32; 2 Ts 1.7,8;
02. Os Anjos Maus
a) Opõem-se aos propósitos de Deus – Zc 3.1; Dn 10.10-14;
b) Afligem o povo de Deus – 2 Co 12.7; Lc 13.16;
c) Executam os propósitos de Satanás – Ef 6.11,12; 1 Ts 2.18
VII. SATANÁS
Este assunto só pode ser entendido no campo espiritual. Os métodos usados pelas ciências materiais tornam impossível as investigações nesta área. Somente através do estudo criterioso das Escrituras, e de olho nas manifestações ocorridas entre as pessoas e grupos sociais, o assunto “Satanás” pode ser cabalmente compreendido.
Satanás foi criado como anjo de Deus, de exaltada posição e ordem, possuidor de grande beleza e resplendor pessoais, dotado de poder e sabedoria superior, até que a iniqüidade foi achada nele, quando procurou tomar a posição e as prerrogativas pertencentes a Deus.
01. Sua Existência
De acordo com as Escrituras, existe um ser chamado o diabo ou Satanás. Trata-se de um ser com existência real.
=> João 13.2; Mt 13.19; At 5.3; 1 Pe 5.8; Ef 6.11,12; Zc 3.1,2; Jó 1.6; Ap 12.9.
02. Seu Estado Original
a) Criado perfeito em sabedoria e beleza - Ez 28.12;
b) Estabelecido como querubim para proteger e dirigir a adoração - Ez 28.14;
c) Impecável em sua conduta - Ez 28.15.
03. Sua Rebelião e Queda
a) Encheu o coração de vaidade e ambição - Ez 28.17; Is 14.12-17; I Tm 3.6;
b) Rebaixado em seu caráter e deposto de sua posição - Ez 28.16,17; Is 14.12.
04. Sua Natureza
a) É uma pessoa - Jó 1.8; 2.1,2; Zc 3.2; I Tm 3.6; Jo 8.44; I Jo 3.8; Hb 2.14.
b) Seu nome “Satanás” significa inimigo, adversário - Mc 13.29-39; Lc 10.19.
c) Seu nome “Diabo”, significa “adversário”.
d) É acusador sem causa - Ap 12.10.
05. Seu Caráter
a) É astuto - 2 Co 2.11; Ef 4.14; 6.11,12;
b) Tem alguma forma de poder - 2 Ts 2.9; Ap 13.11,14; Mt 24.24;
c) É enganador - 2 Co 11.14; 2 Ts 2.9,10.
06. Sua Posição
a) Príncipe da potestade do ar - Jd 9; Ef 2.2; Mt 12.26; At 26.18; Cl 1.13;
b) Príncipe deste mundo - Jo 14.30; 12.31; 16.11;
c) O deus deste século - 2 Co 4.4; 2 Ts 2.3,4.
07. Sua Presente Habitação
a) Regiões celestiais - Ef 6.11,12;
b) Ativo na face da terra - Jó 1.7; I Pe 5.8.
08. Sua Obra
a) Originou o pecado - Ez 28.15; Gn 3.1-13; 2 Co 11.3;
b) Causa sofrimentos - At 10.38; Lc 13.16;
c) Causa a morte - Hb 2.14;
d) Atrai ao mal - I Ts 3.5; 1 Cr 21.1; Mt 4.1,3,4,6,8,9; I Co 7.5;
e) Ilude os homens - 2 Tm 2.26; I Tm 3.7;
f) Inspira pensamentos e propósitos iníquos - Jo 13.2; At 5.3;
g) Apossa-se dos homens - Jo 13.27; Ef 4.27;
h) Cega as mentes dos homens - 2 Co 4.4;
i) Dissipa a verdade - Mc 4.15; Lc 8.12; Mt 13.19;
j) Produz os obreiros da iniqüidade - Mt 13.25,38,39;
l) Fornece energia a seus ministros - 2 Co 11.13-15; Ap 3.9; Ef 2.2,3;
m) Opõe-se aos servos de Deus - 1 Ts 2.18; Zc 3.1; Dn 10.13; 2 Co 12.7;
n) Põe à prova os crentes - Lc 22.31;
o) Acusa os crentes - Ap 12.9,10; Jó 1.6-11;
p) Dará energia ao Anticristo - 2 Ts 2.9,10; Ap 12.9,17; 13.1,27.
09. Seu Destino
Satanás está debaixo de maldição perpétua; sua derrota foi decretada na cruz; ele foi expulso dos lugares celestiais, será aprisionado no abismo e, finalmente lançado no lago de fogo e enxofre.
a) Eternamente amaldiçoado - Gn 3.14,15; Is 65.25;
b) Derrotado e desprezado - Cl 2.15; Jo 12.31; 16.8-11; I Jo 3.8; 5.18; Hb 2.14;
c) Expulso do céu - Ap 12.9 comparar com João 12.27-33;
d) Será aprisionado no abismo por mil anos - Ap 20.1-3;
e) Será solto por pouco tempo, após o Milênio - Ap 20.3,7,9;
f) Será lançado no lago de fogo - Ap 20.10.
VIII. DEMÔNIOS
Os demônios são seres espirituais que, sob o comando de Satanás, perturbam os seres humanos procurando afastá-los de Deus. São os anjos que acompanharam Satanás em sua rebelião (Apocalipse 12.4,9).
01. Sua Existência.
a) Reconhecida por Jesus - Mt 8.28-32; 10.8; 12.27,28; Mc 16.17;
b) Reconhecida pelos setenta - Lc 10.17;
c) Reconhecida pelos apóstolos - I Co 10.20,21; I Tm 4.1; At 16.14-18; Tg 2.19.
02. Sua Natureza.
a) São inteligentes - Mt 8.29,31; Lc 4.35,41; Tg 2.19; Mc 1.23,24; At 19.13,15;
b) São espíritos - Lc 9.38,39,42; Mc 5.2,7-9,12,13,15;
c) São numerosos - Mc 5.9; Lc 8.30; Mt 12.26,27;
d) São maus e maliciosos - Mt 8.28; Lc 4.33,36; 9.39;
e) São vis e perversos - Mt 15.22; Lc 9.39;
f) São servis e obsequiosos a Satanás - Mt 12.24-27
03. Suas Atividades.
a) Apossam-se dos corpos humanos e de animais - Mc 5.8,11-13; Mt 4.24; 8.16,28;
b) Provocam aflição mental e física aos homens - Mt 12.22; Mc 5.4,5; Lc 9.37-42;
c) Produzem impureza moral - Mc 5.2; Mt 10.1; Ef 2.2; 2 Pe 2.10-12.
Os demônios, em harmonia com sua natureza e seu caráter, estão continuamente ocupados em sua obra de subjugar homens para o serviço de Satanás, e de propagar tanto as enfermidades como a contaminação espiritual. O Dr. Nevius disse que existem cinco fases nas relações dos demônios com os homens.
TENTAÇÃO
Na forma de sugestão espiritual. Essa misteriosa influência vinda de um mundo invisível, à qual tanto incrédulos como crentes estão continuamente expostos, é referida muitas vezes na Bíblia, especialmente no Novo Testamento (Ef 6.11,12; 1 Jo 4.1).
OBSESSÃO
Alguns a consideram como a primeira fase da possessão demoníaca. Trata-se de domínio demoníaco que é resultado da entrega voluntária e habitual à tentação ou às tendências pecaminosas (Ef 4.17-19). Nessa fase, os casos muitas vezes não são bem pronunciados em seu caráter, tornando-se difícil determinar se devem ser classificados como possessões demoníacas, como idiotice, desequilíbrio mental, ou como epilepsia. Na obsessão, embora os indivíduos já estejam sob um horrendo domínio satânico, contudo são perfeitamente livres, seguem os ditames de suas próprias vontades, e retêm suas próprias personalidades.
CRISE OU TRANSIÇÃO
É a fase caracterizada por uma luta em torno da posse, quando o indivíduo resiste, algumas vezes sendo bem sucedido (Mt 15.22-28; Tg 4.7; Ef 4.26,27).
POSSESSÃO
Com referência à pessoa, pode ser designada como sujeição e subserviência, e, com referência ao demônio, treinamento e desenvolvimento. A condição da pessoa é, a maior parte do tempo, saudável e normal, executando por ocasião do paroxismo, que ocorre na passagem do estado normal para o anormal. Uma das principais características dessa fase é a adição de uma nova personalidade. Somente as pessoas que chegaram a essa fase é que se aplica, apropriadamente, o termo “possessão” (Mc 9.17-25; 5.2-13).
CAPACIDADE DEMONÍACA
Quando a pessoa já desenvolveu capacidades para ser usada, e se dispõe para isso. Já é o escravo do demônio, treinado, acostumado, voluntário - na linguagem moderna, um “medium desenvolvido”.
IX. COMO VENCER SATANÁS E OS DEMÔNIOS
Satanás e seus anjos (demônios) são inimigos incondicionais de todo homem, especialmente do cristão. O cristão verdadeiro deve assumir atitude de confiança contra seu adversário, o diabo, contando com a armadura e o poder de Deus, por meio de Cristo, para obter essa vitória.
01. Apropriando-se de seus direitos de redenção
A morte de Jesus Cristo providenciou tanto a substituição do pecador arrependido e convertido, como pureza moral e espiritual (Rm 8.3,4; Gl 2.20). O crente foi crucificado com Cristo, por isso está morto para o pecado e, consequentemente, as portas para Satanás agir estão fechadas, até porque o crente vive em novidade de vida, e a vida que vive, vive-a em Cristo Jesus. (Hb 2.14; Cl 2.15; Ap 12.11; I Jo 3.8; Ef 6.16).
02. Apropriando-se de toda armadura de Deus (Ef 6.11-18)
Deus, em Cristo, preparou para o crente uma armadura completa para torná-lo capaz de resistir às ciladas do diabo. Nenhuma peça da armadura deve ser omitida, nenhum aspecto da vida deve ser deixado sem proteção.
03. Mantendo autodomínio (Ef 4.27; Gl 5.22,23)
O crente deve manter sob controle todo seu ser, com ajuda do Espírito Santo e pela lembrança piedosa da Palavra de Deus, para não deixar sua vida aberta às paixões da carne, através das quais o maligno opera.
04. Exercendo a vigilância (I Pe 5.8; 2 Co 2.11; I Jo 5.18)
O adversário não cessa de buscar oportunidade para destruir o crente, por isso deve ele exercer a mais absoluta vigilância em todos os aspectos da vida.
05. Resistindo ao Diabo com confiança em Deus (Tg 4.7; I Jo 2.14; 5.18,19; I Pe 5.8,9)
De acordo com a Palavra de Deus estamos potencialmente libertos do poder de Satanás. Satisfazendo as condições bíblicas poderemos sempre ser vitoriosos. O crente deve assumir atitude de confiança em Deus contra seu adversário, contando também com a armadura de Deus, por meio de Cristo.
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