(Gen.22:1e2)
Introdução: Quando lemos essa história, ficamos até mesmo assustados com Deus. Até parece coisa de um “deus Moloque da vida”. Os falsos deuses que eram assim. Exigiam coisas quase impossíveis de seus seguidores, inclusive sacrifícios humanos. Mas temos que ver o contexto daquele momento.
Entendemos, vendo a fundo esse momento, que Moriá não veio a Abraão por um mero acaso. Além de Deus provar sua fé, a ida à Moriá foi conseqüência de alguns erros cometidos pelo “amigo de Deus”. É só olharmos o capítulo anterior, aliás, o versículo um já fala disso: “E sucedeu depois dessas coisas...”, quais “coisas”? Alguns erros cometidos no capítulo vinte e um, que fez Deus “convocar” Abraão à Moriá.
É bom que se diga que ninguém vai a Moriá por acaso. Deus só nos chama a esse monte quando cometemos alguns erros como o velho patriarca. Vejamos:
1) Depois do nascimento de Isaque, o relacionamento de Abraão com Deus esfriou (Gen.21:8).
· Os comentaristas afirmam que Isaque tinha já vinte e cinco anos quando seu pai foi a Moriá. Se essa cronologia estiver certa, significa que Abraão passou esse tempo todo sem levantar um único altar ao Senhor. Logo ele, que sempre foi um homem de altar. Ao contrário, tornou-se “festeiro”. Deu um banquete quando Isaque foi desmamado aos três anos, mas não levantou um altar. O resultado foi que ai começou a contenda entre Isaque e Ismael. Nada disso aconteceria se ao invés de um banquete, Abraão tivesse levantado um altar.
· Aplicação: Estamos muito festeiros hoje em dia. Aceitamos muitos convites para festa e não nos dedicamos as convocações de reuniões de oração, consagração, etc. Deus prefere altares a banquetes e eventos festivos. Aliás, são dessas festas que vem nossas disputas. Existem congressos e encontros para desfilarmos nossas melhores roupas, melhores cantores, melhores pregadores, etc. São festivais de massageamento de egos e endeusamento de homens. Que Deus tenha misericórdia de nós. Se continuarmos assim, qualquer hora o Senhor nos “convocará” ao Moriá para reaprendermos a arte de fazer altares.
2) Firmou aliança, num relacionamento errado com o filisteu Abimeleque, dando a ele ovelhas, bois e cordeiros dos sacrifícios como parte de acordo (Gen.21:27).
· Fez um acordo sem consultar a Deus, com Abimeleque, rei dos filisteus, e o pior, o presenteou com animais que deveriam ser usados em sacrifícios, nos altares erguidos ao Senhor. Infelizmente, o patriarca esqueceu-se disso, e estava tão desacostumado com essa prática que se desfez dos animais consagrados para uso em sacrifícios à Deus.
· Aplicação: Estamos usando o que é do Senhor em coisas do mundo. Já vi excelentes cantores louvarem à Deus em muitos púlpitos, mas quando chegam na imprensa, cantam músicas profanas que nada tem a ver com o louvor genuíno ao Senhor, e ainda tem a audácia de dizer, que são profissionais, e não evangélicos. Deus não aceita essa mistura pecaminosa que está permeando a Igreja. Estamos fazendo acordos espúrios com o inimigo, dando ao mundo nossos talentos e dons. Ele irá nos convocar à Moriá. Consagração ao Senhor tem que ser total e absoluta, e os sacrifícios para Ele é só Dele. O Senhor nunca aceitará dividir sua glória com o inimigo.
3) Plantou um bosque para invocar a Deus, esquecendo-se da prática de fazer altar (Gen.21:33).
· Abraão comete um erro crasso: Imitando os idólatras cananeus, plantou um bosque e ofereceu ao Senhor, esquecendo-se que o que Deus sempre pediu foi altar com sacrifícios, e um coração inteiramente voltado para Ele. Isto fala de uma vida sem compromisso, pois arvores crescem progressivamente, ao relento, sem precisar de muitos cuidados. Altar tem que ser feito pelo ofertante com dedicação e esmero, tijolo sobre tijolo.
· Aplicação: Isso fala de um relacionamento construído por nós ao longo da vida. Dedicação e empenho no serviço a Ele e não uma vida levado pelo acaso, sem compromisso firme com o Altíssimo.
4) Depois desses erros, Deus o chama a Moriá, para o velho patriarca reaprender uma lição esquecida depois de receber uma benção: A vida de altar tem que continuar. Vinte e cinco anos depois, quando Abraão já tinha perdido o primeiro amor, perdido o viver profético e se empolgado com a benção, Deus o chama para subir a montanha e voltar a oferecer sacrifícios. E o pior, Deus exige a “benção” que ele tinha recebido: Seu filho Isaque, que infelizmente havia tomado o lugar da comunhão com Jeová. A ida a Moriá então, é necessária por pelo menos três motivos:
a) Quando não somos mais os mesmos e precisamos voltar ao primeiro amor. Quando esquecemos de levantar altares a Deus, quando preferimos oferecer nossos bois e ovelhas dos sacrifícios aos filisteus ao invés de ao Senhor.
b) Quando perdemos o viver profético. Quando levamos a vida empurrando com a barriga, sem visão espiritual, sem vida com Deus, sem levantar altares. No caminho para Moriá, ele recupera esse modo de vida: Quando Isaque lhe pergunta onde estava o cordeiro para o sacrifício ele lembra-se de que era profeta: “Deus proverá” (Gen.22:7e8). No início da subida do monte, ele diz aos moços para ficarem aguardando, pois ele e Isaque iriam subir, adorar e voltar. Tinha confiança que Deus ressuscitaria seu filho dentre os mortos: “...havendo adorado, tornaremos para vós...”. Reaprendeu a ser profeta do Altíssimo.
c) Quando nos empolgamos com a benção e nos esquecemos do abençoador. A benção nunca será maior do que o Abençoador. Não se esqueça que por maior que seja ela nunca será a última. Temos que continuar tendo vida com Deus, erigindo altares, ou corremos o risco de parar em Moriá.
Que Deus nos guarde
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