sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Princípios divinos para a família

Princípios divinos para a família

Pr. Eber S. Jamil
E-mail


Introdução
1o Princípio: O valor da instituição chamada família.
2o Princípio: O companheirismo
3o Princípio: Independência grata
4o Princípio: O sexo é uma dádiva divina



Introdução
    A sociedade está se transformando a cada dia. Sendo a família célula-mãe desta, passa por profundas mudanças em sua forma de ser. Antes, era comum um casal ter muitos filhos: oito, nove, dez, etc. Hoje, apenas um, dois ou três. Antes, a família conversava mais entre si. Nas refeições estavam juntos à mesa. Hoje, as conversas são rápidas e evasivas e nas refeições a tagarela da televisão está ligada. Aliás, tal hábito deve ser abolido. Antes, com o salário do marido a família se sustentava. Hoje, a esposa trabalha e deixa os filhos numa creche.
     Este estudo tem a pretensão de mostrar que apesar da família estar mudando a sua forma de ser, os princípios devem ser mantidos. Os princípios divinos para a família são inegociáveis. Em certas bulas de remédios encontramos a advertência: “Para obter melhores resultados, siga as instruções do fabricante.” Para termos um casamento bem sucedido precisamos seguir os princípios do Criador. Ao comprarmos um eletrodoméstico vem a advertência na caixa: “Antes de usar, leia o manual.” Antes de casar, devemos ler o manual - a Bíblia.
    Em Provérbios 23.10 está escrito: “Não removas os limites antigos”. Os princípios divinos para a família são os limites estabelecidos pelo Criador que não devem ser removidos. A palavra princípio quer dizer “regra” e “preceito”. Ao ultrapassar os limites, os homens trazem para si problemas que o acompanharão e prejudicarão a sua saúde física, emocional e espiritual. Os princípios divinos enfrentam a prova do tempo. Os princípios são eternos.
 


 
Primeiro Princípio

O valor da instituição chamada família.
    Creio ser este um princípio que tem a necessidade de ser reafirmado pela nossa geração. Muitos dizem que a família é uma instituição falida. Mas não é.
    A família foi a primeira instituição criada por Deus e a única criada antes do pecado. Depois de criar a luz, os céus, a terra e mares, de criar os luminares, a vegetação e animais, Deus viu que o seu trabalho era bom. Contudo, foi somente após a criação da família (homem e mulher) que Deus viu que tudo era muito bom. Apenas uma coisa não foi considerada boa: que o homem estivesse só. Por causa disso Deus criou a mulher e oficiou pessoalmente o primeiro casamento da história. “Formou uma mulher, e trouxe-a Adão.” (Gn 2.22).
    “Digno de honra entre todos seja o matrimônio...” (Hb 13.4). Ou seja, Deus nos diz que todos devem dar o valor devido a família. Que este princípio seja reafirmado por você!

 


Segundo Princípio

O companheirismo
    Deus, ao criar Adão, deu-lhe uma enorme responsabilidade de cuidar daquilo que Ele havia criado. Dentre as responsabilidades, quero destacar a missão de dar nome a todos os animais. Durante essa missão Adão começou a sentir uma solidão tremenda, pois observou que entre todos os animais não havia um que lhe servisse de companhia. Afinal, Adão era o único ser humano da terra. Observe como a Bíblia descreve isto: “E Adão pôs os nomes a todo gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava adjutora que lhe correspondesse.” (Gn 2.20) Adão tinha uma missão enorme, mas não tinha uma companheira que o ajudasse. Então Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora que seja idônea” (Gn 2.18).  Deus contemplou o coração do homem e lhe deu a resposta - a mulher, para que fosse uma companheira que o ajudasse.
    Está aí o segundo princípio que quero destacar: o companheirismo. Deus criou a família para que um ajudasse o outro. Na família precisa haver parceria, companheirismo e reciprocidade. A expressão usada por Deus, “auxiliadora idônea”, é muito significativa. A palavra hebraica usada para “auxiliadora” foi ezer, “alguém que está junto, ao lado de”, “pronto para ajudar”. Para idônea, foi neged, de difícil tradução, que quer dizer “correspondente a”, “apropriado para”. Dito isto, fica entendido que a expressão “auxiliadora idônea” significa “alguém igual que está ao lado para ajudar”.
    Está assim estabelecido por Deus o princípio para o casal: o companheirismo. Salomão em Ec 4.9-12, destaca de maneira belíssima a importância do companheirismo no casamento:

“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga o seu trabalho. Se um cair, o outro levanta o seu companheiro. Mas ai do que estiver só, pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão. Mas um só  como se aquentará?  Se alguém quiser  prevalecer contra um, os dois lhe resistirão. O cordão de três dobras não se quebra tão depressa.”
    A família precisa resgatar este princípio depressa. Quantos não estão sofrendo o pior dos sentimentos, que é a solidão a dois? Vivem debaixo do mesmo teto, mas estão separados. O companheirismo cedeu lugar para a competição e acusação. Muitas vezes quando ocorre um problema, a pergunta é: “Quem foi o culpado?” Enquanto a pergunta certa seria “Como posso ajudar você?”
    Um certo pastor gostava de perguntar aos noivos: “- Você quer casar para ser feliz ou para fazer seu futuro esposo ou esposa feliz?” A resposta que gostava de ouvir era: “Para fazer a minha futura esposa ou meu futuro esposo feliz”. Quando se casa pensando em preencher o companheiro (a), essa reciprocidade é abençoadora para ambos. No amor não cabe o egoísmo. O “amor não busca os seus interesses”.
    Este princípio é cada vez mais estranho à nossa sociedade. Como cristãos precisamos reafirmar este princípio divino para a família. “Na saúde ou na doença ou na riqueza ou na pobreza”. O companheirismo é essencial.
 
 

Terceiro Princípio

Independência grata
    Este princípio é o resultado de dois princípios. O primeiro está registrado em Gn 2.24: “Portanto deixará o homem a seu pai e a  sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão os dois uma só carne.” O segundo está em Ex 20:12: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.”
    Muitos agem como se houvessem uma incompatibilidade entre estes princípios, mas não há. Eles são ajustáveis, desde que haja uma compreensão exata do que diz as Escrituras. Uns agem como se o “deixar” significasse o abandono, o esquecimento e o corte de qualquer contato com os pais. Outros agem como se “honrar” fosse estar sempre grudado nas saias da mãe ou na barra da calça do pai.
    Observemos o que diz Gn 2.24. Para manter uma união real entre o casal precisa primeiro haver o “deixar os pais”: “Portanto deixará... e unir-se-á à sua mulher.” Este princípio é tão importante que foi repetido por Cristo em Mt 19.4 e 5: “Respondeu-lhes Ele: não leste que no princípio o Criador os fez macho e fêmea: portanto deixará o pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão os dois uma só carne?”  E também foi repetido por Paulo em Ef 5.31. O “deixar pai e mãe” envolve pelo menos três aspectos:

1.º) O “deixar fisicamente” ou o “deixar geográfico”, ou seja, não morar com os pais.
2.º) O “deixar financeiro”, que seria não mais depender financeiramente dos pais.
3.º) O “deixar psicológico”, que seria não depender afetivamente ou emocionalmente dos pais.

    O “deixar” é extremamente necessário para que o novo casal tenha realmente uma vida em comum. Vemos este princípio ser vivido até pelos animais. Os filhotes ficam com a mãe até aprenderem a caçar. Depois vão à luta.
    Os pais devem entender que os filhos não devem ficar sempre segurando nas barras de suas calças. Quando o casamento acontece, essa fase acaba. Os pais não criam os filhos para si, mas para formarem suas próprias famílias. Os filhos, por sua vez, depois de casados, não devem colocar o pai e mãe em primeiro plano e esposo (ou esposa) em segundo, mas o inverso.
    A independência não significa abandonar, negligenciar os pais. Esta deve ser vivida por um enorme sentimento de gratidão e honra aos pais que possibilitaram a esses filhos constituírem seus próprios laços afetivos e familiares.
    Observe o que está escrito em Pv 23.22: “Ouve a teu pai, que te gerou e não desprezes a tua mãe, quando vier envelhecer.” Quantos pais não estão esquecidos e desprezados pelos filhos? Largados num asilo? “Não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer.” Paulo quando trata acerca das viúvas, fala que se estas tiverem filhos devem ser cuidadas pelos mesmos. Observe 1 Tm 5.4 e 8: “Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam eles primeiro a exercer piedade para com sua própria família, e a recompensar a seus progenitores; porque isto é bom e agradável diante de Deus... Mas, se alguém não cuida dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior que o incrédulo.”
 



Quarto Princípio

O sexo é uma dádiva divina
    Para começo de conversa é bom que se diga que o sexo é uma dádiva para ser desfrutada no casamento. Atente para Gn 2.24: “Portanto deixará o homem a seu pai e sua mãe, e unir-se-á à sua mulher e serão os dois uma só carne.” A união sexual entre o casal transforma-os em uma só carne. Mas observe que antes do “ser uma só carne”, precisa haver o “deixar” e o “unir-se”. Mas o que se vê por aí? É o “tornar-se uma só carne”, sem o “deixar” e o “unir-se”. O sexo é o terceiro passo para o casal e não o primeiro. O homem não deve inverter estes passos. Caso inverta, poderá colher danos irreversíveis.
    Dentro do casamento, o sexo é uma benção. Como diz o Pr. Caio Fábio: “O prazer da sexualidade no casamento é uma recompensa para a dureza da vida.”
 

“Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a porção nesta vida, pelo trabalho com que afadigaste debaixo do sol.” (Ec 9.9)
“Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade.” (Pv 5.18)
    Muitas pessoas casadas possuem uma sensação interior de que o sexo é impuro, como escreveu Tim La Haye: “Após vinte e sete anos de ministério e o aconselhamento de centenas de casais, estamos convencidos que muitos abrigam, escondida em algum canto da mente, a idéia de que há algo errado com o ato sexual.”
    Existe um pensamento anti-bíblico que corre solto por aí, que o pecado original foi o sexo, e que o fruto foi a maçã, dando a este fruto uma conotação sexual. O pecado original foi a desobediência de Adão e Eva ao comerem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e não o sexo.
    Observemos que a primeira ordem que Deus deu ao primeiro casal foi: “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra” (Gn 1.28). Esta ordem foi dada antes do pecado entrar no mundo, portanto o sexo e a reprodução foram ordenados ao casal em seu estado original de inocência.
Deus, depois de criar o homem e a mulher com as suas capacidades sexuais, observou e disse: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.” (Gn 1.31)
    O clima de santidade e pureza que havia entre Adão e Eva em relação ao sexo era tão grande, que logo depois da ordem do Senhor deles se tornarem uma só carne, a Bíblia registra: “E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher, e não se envergonhavam.:  (Gn 1.29)
    A Bíblia registra uma palavra muito interessante, para descrever o ato sexual – conhecer. (Veja, por exemplo, Gn 4.1). Mostra assim que o ato sexual é muito mais do que o desnudamento das vestes; mas envolve o desnudamento emocional. O ato sexual é algo físico, emocional e espiritual.
    Para encerrar em parte este assunto, quero destacar as palavras do Dr. Witeat Gaye Wheat (in: Sexo e Intimidade): “Você tem permissão de Deus para desfrutar do sexo dentro do seu casamento. Foi Ele quem inventou o sexo; foi Ele quem teve esta idéia em primeiro lugar.”
 
    Queremos analisar biblicamente a necessidade da espera até o casamento para se ter um relacionamento sexual com alguém. Daremos algumas razões:
1.º) Porque esta é a vontade de Deus

    O cristão tem como alvo de sua vida agradar a Deus. Sendo isto verdadeiro, seu desejo é fazer a vontade de Deus. Paulo, ao tratar deste assunto, escreveu: “Assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que abundeis cada vez mais. Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus. Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus...” (1 Ts 4:1-5, o grifo é do Autor)

2.º) O sexo é um ato espiritual

    O sexo, em nossa sociedade, é visto como algo apenas físico. Quem pensa assim tem uma visão curta a respeito. “Quando se está com fome, come-se; quando se está com sono, dorme-se; e quando se tem um desejo, pratica-se sexo.” Parece acertadíssimo, mas na verdade isso está longe de ser verdade. Observe o que Paulo, pelo Espírito Santo, escreveu: “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e fa-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito.” (1 Co 6:15-17, o grifo é do Autor) Vemos aqui que a união sexual entre duas pessoas é muito mais que uma união física, mas uma união física, emocional e espiritual.

3.º) Você não é dono do seu corpo

    Vivemos numa sociedade permissiva, que estimula as práticas egoístas, e que não pensa nas conseqüências de sues atos. “Sou livre para fazer o que me der na cabeça”, pensam alguns. “O corpo é meu, faço o que quero”, pensam outros. Mas o cristão não deve pensar assim. O seu corpo foi comprado pelo sangue de Cristo e agora pertence ao Espírito Santo. Veja 1 Co 6:19 e 20. Quem despreza este conceito, despreza a Deus. Veja (1 Ts 4:7 e 8)

4.º) Quem ama se compromete

    Cristo certa vez falou: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (Jo 14:21) Em outras palavras Cristo disse: “Aquele que me ama se compromete comigo”. Quem ama verdadeiramente uma pessoa tem o desejo de se comprometer com a mesma. Sexo sem compromisso é um ato de desamor. A expressão “amor livre” é uma contradição. Se é amor, nunca será livre. Os dois não se tornam uma só carne? Como podem ser livres? O amor não trata com leviandade (1 Co 13:4). O amor não se porta com indecência nem busca os seus interesses (1 Co 13:5). Quem ama verdadeiramente deseja formar com o amado uma aliança.
 

5.º) O amor não faz mal ao próximo (Rm 13. 9 e 10)

    O amor verdadeiro não deseja o mal ao outro. Chantagear ao outro a ter relações sexuais para provar o seu amor é barato e vulgar. O sexo pré-conjugal é um mal que Deus condena. O sexo não é prova de amor. Quantos não se relacionam sexualmente sem amor? Muitos casais têm relações sem o menor entendimento do que é o amor. O amor verdadeiro não faz mal ao próximo e deseja intensamente se comprometer com o ser amado.
 

6.º) Quem semeia, colhe!

    Na Bíblia vemos o princípio da semeadura: Quem semeia, colhe! (Gl 6. 7 e 8).
    O sexo pré-conjugal e extraconjugal sempre trará conseqüências negativas. “Deus não se deixa escarnecer”. O Diabo lança sempre a sugestão: “- Pode fazer, não vai ter problema nenhum!” Esta sugestão é antiga. O Diabo disse à Eva: “Certamente não morrereis.” (Gn 3:4). Enquanto Deus disse: “Mas da árvore da ciência do bem e do mal não comerás; porque no dia que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2:17). Quero destacar algumas conseqüências:

a) Perda da comunhão com Deus
    Quando o crente cai neste tipo de pecado, tem a sua comunhão rompida com Deus. Não perde a salvação, mas a alegria da salvação, que é fruto da comunhão constante com Deus. “Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustem-me com um espírito voluntário.” (Sl 51:12) Este irmão deve ser disciplinado, afastado do rol de membros da Igreja, mas não abandonado. Deve-se trabalhar nele até a sua restauração.

b) Diminuição do respeito próprio
    Dolores Friesen (in O caminho para o casamento cristão) escreveu: “O sexo pré-conjugal também diminui a força e valorização da própria pessoa. O respeito próprio e o respeito da dignidade do outro se perdem. Quando alguém oferece seu corpo a outras pessoas, perde alguma coisa da sua própria pessoa. Este tipo de atividade sexual somente traz um vazio e desapontamento, em vez de prazer e realização.”

c) Ciúme e insegurança no casamento
    A facilidade da conquista e o sexo pré-conjugal trazem o ciúme e a insegurança para o casamento. O sexo ilícito sempre traz o sentimento de culpa que irá poluir o relacionamento conjugal.

d) Perda da capacidade de amar
    O sexo sem compromisso vai gerando grande frustração no indivíduo, pois a cada relacionamento a esperança de ser correspondido vai diminuindo. Isto trará amargura e frieza para os próximos relacionamentos, causando a perda da capacidade de amar.

e) Doenças sexualmente transmissíveis
    As autoridades, de um modo geral, tratam essas doenças apenas como problemas de saúde. Por isso acham que o uso do preservativo irá conter isto. Mas estas doenças, sobretudo, são frutos de problemas espirituais e morais. O relacionamento sexual pré-conjugal e extraconjugal são os seus maiores causadores. A castidade e a fidelidade são os melhores meios de prevenção.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário