A Assembleia de Deus em Belém completará 100 anos, sendo a única no Brasil que poderá celebrar o Centenário em 11 de junho de 2011. Ela nasceu em Belém do Pará, de onde se espalhou para todo o Brasil e o mundo, existindo atualmente em 176 países. Isso é uma honra inominável a esta cidade escolhida por Deus para o início do maior e mais significativo movimento pentecostal de todos os tempos. Glória a Deus por isso!
No entanto, pasmem todos. Nossas autoridades ignoram a nossa importância histórica, nos discriminam, e mais ainda: desprezam-nos e fazem pouco caso de nossa Igreja.
Há um ano e meio temos tentando conversar com Sua Excelência, a governadora Ana Júlia, sobre o Centenário da Assembleia de Deus, mas não conseguimos. Toda semana alguém liga e marca “hoje”, mas depois cancela inexplicavelmente, sempre usando o nome da governadora e do seu chefe da Casa Civil, Claudio Puty. Embora estejam brincando conosco, nós não estamos brincando de fazer Centenário.
Nas festas dos 97 e 98 anos da Igreja, nós recebemos as autoridades governamentais com bastante carinho, com honra e respeito, as quais sempre nos disseram publicamente que iriam nos ajudar, mas depois desapareceram como se não tivessem empenhado a palavra publicamente.
Nunca uma ajuda sequer foi destinada para nossas festas, embora essas mesmas autoridades ajudem a outras confissões religiosas, especialmente a majoritária. Parabéns por isso. Mas fazer vista grossa e jamais destinar uma ajuda institucional sequer à única Igreja que nasceu na cidade de Belém do Pará, e que daqui se expandiu para muitas nações é, no mínimo, uma flagrante injustiça histórica.
Mais que injustiça e má vontade, isso é também ingratidão. A Igreja se privou de utilizar um prédio de sua propriedade, a fim de alugá-lo para o governo do estado, onde hoje funciona a COES – Coordenadoria de Educação Especial, em atendimento a uma solicitação para suprir uma necessidade urgente da SEDUC, mas desde agosto de 2008 o governo não paga os aluguéis e não dá qualquer explicação.
O importante é que o Centenário vai acontecer, quer nos ajudem ou não. A Assembleia de Deus merece o respeito que lha devemos. Nós estamos falando em construir uma “Avenida Centenário”, que vamos pagar com o nosso suor e sangue, porque há muitos anos estamos pedindo ao poder público que troque o nome da rua do quarteirão do nosso templo para o nome de “Rua Gunnar Vingren e Daniel Berg”, ou para “Avenida Assembleia de Deus”, mas não o conseguimos. Mas troca-se, por exemplo, o nome da Magalhães Barata para “Nazaré”; o nome da 1º de Dezembro foi mudando para “João Paulo II” com extrema facilidade. E nós vamos completar 100 anos e não somos sequer ouvidos.
Em todos os livros de História que falam da Assembleia de Deus em todos os municípios brasileiros e em todos os países do mundo lê-se que a Assembleia de Deus nasceu em Belém do Pará, e nós levamos o nome de nossa cidade e de nosso estado com honra ao mundo todo, representando-os dignamente, mas não merecemos sequer esta distinção histórica.
Nossa Igreja terá de gastar R$ 2 milhões, oriundos de ofertas de gente pobre, do sacrifício de muitos que crêem nessa obra, para fazer uma pequena rua chamada “Avenida Centenário da Assembleia de Deus” porque o poder público tem se mostrado totalmente insensível a este importante segmento da nossa sociedade. Que tristeza!
Permitam a nossa indignação, como representante desse segmento que representa no mínimo 10% da sociedade, mas que não tem o direito de falar com a sua governante, pois há um monte de intermediários que telefonam e cancelam, telefonam e cancelam, como se fosse uma brincadeira, e de fato é uma brincadeira de extremo mau gosto. Nós não admitimos esse tipo de tratamento com uma instituição belenense, paraense, tão conhecida ou mais conhecida no mundo que castanha do Pará ou açaí.
A Assembleia de Deus é um grandioso movimento de inclusão social: todos os anos são milhões de pessoas transformadas pela pregação da palavra de Deus, que tem o condão de poupar aos cofres públicos o gasto de muitos bilhões de Reais com criminalidade e reestruturação social de famílias. Isso, por si só, já ensejaria uma atenção condizente com a obra que fazemos e que beneficia a toda a sociedade.
Lamentamos profundamente que o Brasil e o mundo saibam agora, e desse modo, como é que o poder público está tratando o nosso Centenário, fazendo com que tenhamos o maior sacrifício para realizar tudo com as nossas próprias mãos. Mas não tem problema, esperamos que haja uma reconsideração por parte das autoridades.
O nosso Centenário vai ser de lutas e de trabalho e de construções, mas também da verdade. Nós não vamos ficar calados, pois falaremos com toda a sociedade, já que não é possível uma conversa pessoal com nossas autoridades, à qual temos direito, como cidadãos responsáveis deste estado.
Se isso sensibilizar o poder público, tudo bem. Se não, vamos continuar com as nossas forças, e uma multidão de todo o Brasil virá participar, mesmo que tenhamos de pagar tudo isso com os nossos parcos recursos.
No próximo artigo trataremos mais amiúde das outras questões. Antes, porém, esperamos que respondam a estas perguntas que não querem calar: Por que a discriminação? A quem interessa essa injustiça?
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
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